“Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com a tua palavra”. (Salmo 119.9)
1. Tomado pelo egocentrismo e pelo etnocentrismo, o Jonas que
orara arrependido desde o ventre de um enorme peixe (Jonas 2) agora ora para que Deus lhe tire a vida, desgostoso porque sua mensagem fora aceita. Deus não o atendeu. (Jonas 4)
2.
Um homem se preparava para um retiro espiritual, certo de que seria tremendo.
Ainda em casa, o telefone tocou. Ele pediu ao filho para dizer que não estava.
3.
Jacó enganou o pai e o irmão; na fuga para não morrer, foi visitado por Deus,
declarando: “Deus estava aqui e eu não sabia”. Em oração, pediu que Deus lhe
abençoasse. Em nova fuga, quase 20 anos depois, enganou seu sogro, mas ainda
tinha que enfrentar o irmão do início de sua saída de casa. No meio da noite,
um anjo Deus foi lhe apareceu e o abençoou, depois que Jacó insistiu ao ponto
de lutar fisicamente com ele. (Gênesis 27-32)
4.
Um adolescente, entrevistado para um documentário de televisão, informou que
decidiu introduzir silicone em seu corpo, para remodelar suas formas e viver
como travesti. O repórter lhe perguntou se sabia dos perigos. O rapaz
respondeu: “Eu sabia, mas entreguei nas mãos de Deus e fiz”.
5.
Deus disse a um de seus profetas mais próximos: — E você, Jeremias, não ore por
este povo nem faça súplicas ou pedidos em favor dele, nem interceda por ele
junto a mim, pois eu não o ouvirei. Não vê o que estão fazendo nas cidades de
Judá e nas ruas de Jerusalém: os filhos ajuntam a lenha, os pais acendem o fogo
e as mulheres preparam a massa e fazem bolos para a Rainha dos Céus. Além
disso, derramam ofertas a outros deuses para provocarem a minha ira. (Jeremias
7.16-18)
6.
Quem ora precisa ter a honestidade de ler a Bíblia contra suas próprias
opiniões, contra seus próprios desejos, contra suas próprias atitudes. E só se
faz isto quando se lê a Bíblia orando, quando se ora lendo a Bíblia. Deve-se
orar com a Bíblia, a impressa (“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na
justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda
boa obra” — 2Timóteo 3.16-17) e a guardada no coração (“Guardei no coração a
tua palavra para não pecar contra ti” (Salmo 119.11)..
7.
Quem ora precisa saber que está se colocando sob o foco da luz de Deus e isto
deve implicar num sentimento de vergonha pelo pecado (com Paulo: “Miserável
homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?” — Romanos
7.24), como ocorreu com Daniel, na oração que fez em seu nome e no seu povo,
quando se voltou para o Senhor Deus com orações e súplicas, em jejum, em pano
de saco e coberto de cinza, orou e confessou:
“Oh Senhor, Deus grande e temível, que manténs a tua aliança de amor com
todos aqueles que te amam e obedecem aos teus mandamentos, nós temos cometido
pecado e somos culpados. Temos sido ímpios e rebeldes, e nos afastamos dos teus
mandamentos e das tuas leis. Não demos ouvido aos teus servos, os profetas, que
falaram em teu nome aos nossos reis, aos nossos líderes e aos nossos
antepassados, e a todo o teu povo. Senhor, tu és justo, e hoje estamos
envergonhados. Sim, nós, o povo de Judá, de Jerusalém e de todo o Israel, tanto
os que estão perto como os que estão distantes, em todas as terras pelas quais
nos espalhaste por causa de nossa infidelidade para contigo. Oh Senhor, nós e
nossos reis, nossos líderes e nossos antepassados estamos envergonhados por
termos pecado contra ti. (…) Oh Senhor nosso Deus, que tiraste o teu povo do
Egito com mão poderosa e que fizeste para ti um nome que permanece até hoje,
nós temos cometido pecado e somos culpados”. (Daniel 9.3-8, 15)
8.
Quem ora precisa saber que oração não é licença para pecar e continuar pecando.
( “Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para
dar ocasião à vontade da carne” — Gálatas 5.13a; “Que diremos então?
Continuaremos pecando para que a graça aumente? De maneira nenhuma! Nós, os que
morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?” — Romanos 6.1-2)
9.
Quem ora precisa saber que não pode se escorar na multiforme Graça e colocar em
segundo plano o compromisso com uma vida santa, porque Deus ouve, perdoa e cura
quem ora e busca ao Senhor humilhando-se diante da Sua face e se afastando dos
maus caminhos. (2Crônicas 7.14)
10.
Quem ora precisa saber que não pode haver oração sem confissão de pecados.
Oração ouvida é oração em que os pecados pessoais e comunitários são
confessados. Toda oração deve incluir confissão de pecados (pecados concretos,
não em “multidão”), como fez Davi ( “Lava-me de toda a minha culpa e
purifica-me do meu pecado. Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões, e o
meu pecado sempre me persegue. Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu
reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me” —
Salmo 51.2-4; cf. 2Samuel 12.13).
11.
Quem ora precisa saber que sem pedido (que inclui a disposição para não pecar
mais) e sem concessão de perdão, não há comunhão. Sem comunhão, que é a estrada
homem-Deus, não há resposta, porque o pedido não chega. (É o que aprendemos na
Bíblia: “Vejam! O braço do Senhor não está tão encolhido que não possa salvar,
e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir. Mas as suas maldades separaram
vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso
ele não os ouvirá” — Isaías 59.1-2; sim: “sem santidade ninguém verá o Senhor”
(Hebreus 12.14b).
12.
Quem ora precisa reconhecer que, em muitas situações, leva a Deus pedidos que
decorrem de necessidades que surgiram por causa de seus pecados. Foi assim com
Davi em várias situações, especialmente na doença do filho nascido após seu
adultério com Bate-Seba. (2Samuel 12)
13.
Quem ora precisa saber que seus lábios precisam ser purificados (Isaías
6.1-12). Os lábios humanos são purificados pela ação divina, quando os homens
desejam a pureza e convidam a Deus para cuidar do processo de purificação.
14.
Quem ora precisa considerar que orar esperando resposta como retribuição a
méritos próprios, mesmo que reais, mas não é pecado fazer uma auto-avaliação e
notar o progresso pela jornada de santidade. Numa experiência descritiva, mas
não prescritiva, Neemias pediu repetidamente: “Lembra-te de mim, o meu Deus,
levando em conta tudo o que fiz por este povo” (Neemias 5.19). O autor de
Hebreus orava e refletia sobre a sua própria vida, como deve ser conosco: “Orem
por nós. Estamos certos de que temos consciência limpa, e desejamos viver de
maneira honrosa em tudo”. (Hebreus 13.18)
15.
Quem ora precisa orar na certeza do amor de Deus, como clamou Daniel: “Ouve,
nosso Deus, as orações e as súplicas do teu servo. Por amor de ti, Senhor, olha
com bondade para o teu santuário abandonado” (Daniel 9.17).
16.
Quem ora precisa na certeza da justiça de Deus, como pediu Neemias, descritiva
e prescritivamente: “Agora, portanto, nosso Deus, o Deus grande, poderoso e
temível, fiel à tua aliança e misericordioso, não fiques indiferente a toda a
aflição que veio sobre nós, sobre os nossos reis e sobre os nossos líderes,
sobre os nossos sacerdotes e sobre os nossos profetas, sobre os nossos
antepassados e sobre todo o teu povo, desde os dias dos reis da Assíria até
hoje. Em tudo o que nos aconteceu foste justo; agiste com lealdade mesmo quando
fomos infiéis.” (Neemias 9.32-33)
17.
Quem ora precisa reconhecer que é pecado omitir-se de fazer o bem. (A Bíblia
está cheia destas advertências: “Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o
bem e não o faz, comete pecado” — Tiago 4.17; “Quem semeia para a sua carne, da
carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá
a vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio
colheremos, se não desanimarmos” — Gálatas 6.8-9; “Não se deixem vencer pelo
mal, mas vençam o mal com o bem” — Romanos 12.21).
18.
Quem ora precisa orar confiantemente por si mesmo e pelo seu próximo para que
Deus lhes perdoe. A Bíblia ensina que há perdão divino quando há confissão
humana, exceto num caso, como lemos: “Se alguém vir seu irmão cometer pecado
que não leva à morte, ore, e Deus dará vida ao que pecou. Refiro-me àqueles
cujo pecado não leva à morte. Há pecado que leva à morte; não estou dizendo que
se deva orar por este. Toda injustiça é pecado, mas há pecado que não leva à
morte. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele
que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge”. (1João 5.16-18)
19.
Quem ora precisa saber que o perdão está condicionado a um coração puro, como o
aprendemos na seguinte narrativa: “Vendo Simão que o Espírito era dado com a
imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro e disse: — Dêem-me
também este poder, para que a pessoa sobre quem eu puser as mãos receba o
Espírito Santo. Pedro respondeu: — Pereça com você o seu dinheiro! Você pensa
que pode comprar o dom de Deus com dinheiro? Você não tem parte nem direito
algum neste ministério, porque o seu coração não é reto diante de Deus.
Arrependa-se dessa maldade e ore ao Senhor. Talvez ele lhe perdoe tal
pensamento do seu coração, pois vejo que você está cheio de amargura e preso
pelo pecado. Simão, porém, respondeu: — Orem vocês ao Senhor por mim, para que
não me aconteça nada do que vocês disseram”. (Atos 8.18-24)
20.
Quem ora precisa se alegrar e tremer com a palavra de Deus, mesmo que dada
noutro contexto: “O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o
Senhor vê o coração” (1Samuel 16.7).
Pastor
Igreja Batista Itacuruçá, Rio. Doutor em Filosofia. Escritor.
ISRAEL
BELO DE AZEVEDO
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