Embora a temática da violência na escola não fosse nova, o
conceito do bulying ainda não estava formado ou satisfatoriamente compreendido.
Confesso que o tema me inquietou… Educadores são sempre inquietos. Resolvi
fazer uma reflexão mais amiudada sobre o tema. O que segue porém, é apenas um
começo de conversa, um texto básico e introdutório que tem como propósito
chamar a atenção para esse fenômeno mundial de seríssimas implicações à vida.
O que é bullying
A palavra pertence à língua inglesa e tem significado
abrangente em Português. Embora a tradução mais precisa seja ´intimidação´,
vale lembrar que o termo tem na sua raiz a palavra bully ( valentão ), ou seja,
a idéia do termo é um aluno ( ou mais de um ) assumindo esse papel de
´valentão´, imponto seu poder a outro ( ou outros ) através da força, da
intimidação e da violência. Por isso, a Associação Brasileira Multiprofissional
de Proteção à Infância e à Adolescência – ABRAPIA, num de seus documentos
define o bullying como “todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e
repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais
estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma
relação desigual de poder.”
Pesquisas sobre bullying
Ao que parece as pesquisas mais sérias sobre o bullying
começaram com o norueguês Dan Olweus, professor da Universidade de Bergen –
Noruega, e foram realizadas de 1978 a 1993. Exatamente em 1993 aconteceu a
primeira campanha nacional anti-bullying nas escolas norueguesas. Foram
pesquisas abrangente e profundas, atingindo escolas, pais, professores e
alunos. Os primeiros resultados desta pesquisa começaram a surgir em 1989 já
mostrando que 1 em cada 7 estudantes já estava envolvido com situações de
bullying.
Tudo leva a Crer que no Brasil as pesquisas sobre bullying
começaram no Rio Grande do Sul, com a professora Marta Canfield, professora da
Universidade Federal de Santa Maria. Ela adaptou um questionário de 25
perguntas elaborado por Dan Olweus e aplicou em quatro escolas públicas da sua
cidade no afã de observar o comportamento agressivo dos alunos. Mais
recentemente ( 2002 e 2003 ), em São José do Rio Preto, SP, um pesquisa
envolvendo cerca de 2000 alunos, em oito escolas das redes pública e
particular, revelou que 49% dos entrevistados estava envolvidos com o bullying.
Abrangência do fenômeno
O problema é muito mais sério do que se pensa. O bullying
tem sentido extenso; desde o uso jocoso de apelidos e taxações verbais, passa
pelo isolamento intencional imposto pela “turma”, transita por ameaças,
intimidações, abusos, vandalismos com material escolar, agressões de todos os
níveis; chega ao alijamento preconceituoso e doloso e até a atos de violência
com repercussões graves para saúde da vítima. Além disso, a literatura mostra a
os danos do bullying na vida do Agressor, da vítima e das testemunhas. É um
problemas mundial que se verifica não apenas na escola, mas também no trabalho,
na vizinhança, nos clubes enfim, em todos os ambientes de convivência
comunitária. Pela observação podemos afirmar que até mesmo no contexto
religioso das igrejas há manifestações do bullying, mormente expressos pelos
abusos do poder, isolamento intencional, discriminação e atitudes
preconceituosas.
Podemos dizer que onde o ser humano estiver em convivência
com outros haverá sempre uma possibilidade de algum tipo de bullying. E isso se
dá exatamente em função do nascedouro, berço deste comportamento doentio e
perigoso.
Onde começa o bullying
Tudo começa na infância, no seio dos lares. Crianças que
primeiramente são expostas a cenas de agressividade verbal e física, praticadas
pelos pais e outros adultos na família. Muitos pais ainda não acordaram para a
importância de poupar as crianças de certas conversas, discussões e brigas. E o
que falar de comunidades carentes, onde desde cedo a criança convive com
palavrões, imoralidades, armas, violência e até morte? No estágio seguinte, de
expectadoras, as crianças passam a ser as vítimas de tais abusos; desenvolvem
atitudes semelhantes que são evidenciadas na vizinhança e na escola. É a escola
da violência começando nos lares.
A família que deve desempenhar o papel de estruturadora e
formadora do caráter das pessoas, acaba por constituir-se na primeira escola de
violência ao alimentar formas de bullying no seu seio. E isso não é de hoje,
basta lembrar a relação entre Abel e Caim, José e seus irmãos etc. Tudo começa
dentro de casa.
O conselho de Jesus
O antídoto foi apresentado por Jesus de Nazaré que, sendo
assediado por crianças orientou seus discípulos dizendo: “Deixai vir os
pequeninos a mim e não os impeçais, porque dos tais é o Reino de Deus.” O
Mestre mostrou que o segredo para combeter e evitar todos os tipos de
deformações e má formações na estrutura emocional, moral e posicológica das
crianças é a convivência aberta, idalogal, carinhosa e sem qualquer tipo de
impedimento. Criança amada, protegida e tratada com respeito e consideração,
cresce saudável, mantém relacionamentos sadios e oferecem, ao crescerem cura,
com suas suas próprias vidas e atitudes, para a sociedade.
De acordo ainda com as orientações de Jesus, a criança
saudável e de crescimento desimpedidos é o modelo para uma vida adulta feliz e
plena.
Deasafio para todos
Pais, educadores e líderes em geral devem estar atentos à
presença do bullying. Ações educativas urgentes, inibidoras da violência,
precisam ser ousadas em todos os meandros da nossa sociedade. Não podemos
fechar os olhos ao que acontece à nossa volta.
A igreja não pode ficar de fora deste debate, tampouco se
omitir diante deste fenômeno social que prejuízos de proporções tão gigantes
representam à vida. Educadores religiosos precisam acordar para esta
problemática. Quem sabe não seria este um bom tema para o próximo congresso dos
Educadores Religiosos Batistas do Brasil a realizar-se em Brasília, em Janeiro
de 2009? Quem sabe este assunto não merece ser incluído também no temário do
Congresso dos Pastores?
Educar para a construção de relacionamentos saudáveis, para
o preparo de pessoas solidárias e valorizadoras da vida em todas as suas
menifestações. Esta é um tarefa a ser levada a efeito por todos: pais,
educadores, pastores, líderes… É uma responsabilidade de todos nós.
Enfrentemos e vençamos mais esse gigante!